Biografias

Expoentes do Espiritismo

            Rubens Costa Romanelli

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Vítima de um acidente automobilístico, o Prof. Rubens Romanelli desencarnou no dia 24 de dezembro de 1978, quando era transportado de avião da Santa Casa de Itápolis para Belo Horizonte, por recomendação médica. O acidente ocorreu no dia 21, próximo à cidade de Matão, no Estado de São Paulo, quando também perdeu a vida a professora Otaíza Oliveira Romanelli, sua esposa em segundas núpcias, e uma DE SUAS FILHAS, Elisa, que ainda não completara um ano de idade. No impacto do desastre ficaram gravemente feridos o Professor Romanelli e sua filha Juliana, de oito anos de idade, que sofreram fraturas e traumatismo generalizados.

Rubens Romanelli era natural de Divinópolis, MG, onde nasceu a 17 de setembro de 1913. Do primeiro casamento com Alda Izapovitz Romanelli deixou três filhas: Lívia, arquiteta, Lilavate, formada em química, e Liliane, formada em Belas-Artes.

Em virtude de haver ficado órfão de mãe, ainda muito criança, e das constantes mudanças de domicílio de seu pai, não pôde concluir o curso primário iniciado em Belo Horizonte.

Na idade de onze anos, começou a trabalhar, em Ibiá (MG), nas oficinas da antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas, hoje Rede Ferroviária Federal, como ajudante de mecânico e, três anos mais tarde, transferindo-se com seus familiares para Araxá (MG), foi trabalhar como ajudante de carpinteiro e de marceneiro. Aos dezessete anos passou a funcionar como contínuo nos Escritórios daquela ferrovia. Ali, depois de haver haver aprendido datilografia, através de um método que lhe caiu às mãos, foi aproveitado como Auxiliar de Escrita.

Posteriormente, já com vinte e um anos de idade, foi transferido, por motivo de um invento seu, para os Escritórios Centrais da Estrada de Ferro Oeste de Minas, em Belo horizonte, a fim de estudar Engenharia. No ano seguinte, portanto aos vinte e dois anos, fez, em seis meses, o Curso de Madureza (atual supletivo) e, submetendo-se a exames, foi aprovado, para ingressar, logo a seguir na 4ª série ginasial e, no ano seguinte, na 5ª série. A essa altura já lecionava Português e Matemática no estabelecimento de ensino onde iniciara seus estudos. Concluído, já com a idade de 26 anos, o curso secundário, e verificada sua acentuada vocação para o magistério, matriculou-se, depois de haver prestado os exames vestibulares no  Curso de  Letras da Faculdade de Filosofia de Minas Gerais, na qual funcionou, durante dois anos , como Monitor de Língua Grega. Pela mesma faculdade, diplomou-se como Bacharel em Letras Clássicas em 1943.

Um ano mais tarde, como Licenciado, demitiu-se dos serviços públicos para consagrar-se exclusivamente ao magistério. Foi professor de Latim e Português, desde 1944, em vários educandários de Belo Horizonte, entre os quais o colégio Estadual e o Instituto de Educação de Minas Gerais. Neste último, como titular, por concurso, da cadeira de língua latina.

Em 1963, logrou, mediante defesa de tese em concurso público de provas e de títulos, o grau de Doutor em Letras e o de livre Docente da Cadeira de língua Latina da Faculdade de Filosofia da Universidade de Minas Gerais.

Por indicação de seus colegas, foi nomeado Diretor do Instituto de Humanidades da referida Faculdade. Foi Também Diretor do Instituto de Educação e Cultura de Divinópolis e membro do Conselho Estadual de Educação e da C.N.E.G.

Inteligência fulgurante, era considerado um desses casos que a ciência da Terra chama de superdotados, só explicado pela doutrina Espírita, através das vidas sucessivas, da reencarnação.

Em 1966, a convite do governo francês, foi à Sorbonne, onde realizou três cursos de especialização, quando também ali lecionou. Na década de 70, já casado com a Professora Otaíza, voltou à França, quando ela aproveitou a oportunidade para aprimorar uma pesquisa iniciada em Belo horizonte sobre Educação Brasileira, de 1930 à reforma Universitária de 1972, resumida posteriormente em um livro.

Desencarnou Romanelli sem poder concluir o seu vocabulário Indo-Europeu e seu Desenvolvimento Semântico, obra que pesquisava há 31 anos, abrangendo 30 idiomas da família indo-européia: francês, inglês, holandês, hebraico, italiano, espanhol, português, sueco, dinamarquês, norueguês, russo,, búlgaro, anglo-saxônico, avéstico, persa (antigo e moderno), escandinavo, gaélico, letônico, prussiano, eslavo (antigo e moderno), servo-croata, boêmico, polonês. O professor Romanelli dominava doze idiomas, pesquisando todos os demais com o auxílio de dicionários. Foi esse o maior sonho de sua vida, cujo trabalho iniciou em 1947. seis anos depois já havia imprimido 800 páginas de verbetes e apenas a da letra ª o Governo Brasileiro não se interessou pela obra e ele aceitou oferta da “Écolede Hautes Études”, da França, para continuação do Dicionário e permanência na França o tempo necessário à sua conclusão, com a ajuda de uma equipe especializada da Universidade para o auxiliar. Esteve na França de 1973 a 1975, não chegando porém, a concluir a obra. Retornou à faculdade de Letras da UFMG, continuando a trabalhar.

No campo da lingüística , além do vocabulário, publicou duas importantes obras. A primeira, Do Morfema Indo-Europeu “N” em  Latim, valiosa contribuição ao estudo da lexiologia latina, com 463 páginas, editada em 1963 pela UFMG, foi laureada pela Academia Brasileira de letras em 1964, com o prêmio de Filologia “João Ribeiro” e pela Secretaria de Educação de Minas Gerais com o prêmio Erudição “Pandiá Calógeras”. A outra, Os Prefixos Latinos, tratando da composição verbal e nominal em seus aspectos fonético, morfológico e semântico, com 135 páginas, foi igualmente editada pela UFMG em 1964.

Deixou ainda ensaios de filosofia científica, a saber: A Morte Térmica do Universo-estudo crítico da generalização ao Universo do 2º princípio da Termodinâmica-, A Expansão do Universo e sua Significação Cosmogônica-nova hipótese acerca de gênese, estrutura e evolução do Universo-,O Fim do Mundo-oito hipóteses diferentes sobre as causas mais prováveis da extinção da vida na Terra- e Deus e o Universo, um breve ensaio de Cosmologia.

Nenhum dos Biógrafos do prof. Romanelli diz quando foi que ele se tornou espírita. Nos anos 1947/1948, já integrava um grupo de moços dedicados à Doutrina, entre os quais Newton Boechat, Henrique Rodrigues e Celso de Castro.Com esses companheiros organizou a ABUC, organização para o estudo de A Grande Síntese, de Pietro Ubaldi, um estudo Teórico e pratico das teses sustentadas pelo filosofo italiano. Trabalhou por muito tempo no Centro Espírita Amor e Caridade, fundado pelo médium Antonio Loreto Flores.

Pertenceu também ao quadro de Conselheiros do Abrigo Jesus, modelar instituição espírita de promoção da criança, fundada em 1937, em Belo horizonte, sob os auspícios da União Espírita Mineira.

O professor Romanelli foi o primeiro diretor do ginásio Espírita O Precursor, órgão da União Espírita Mineira, e pertenceu a diversas entidades e agremiações culturais do Estado de Minas Gerais. Escritor, jornalista, conferencista do mais alto gabarito, foi o criador do primeiro conselho de Extensão da UFMG e idealizador do festival de inverno da cidade de Ouro Preto.

Foi ele o autor do livro O Primado do Espírito, no qual consta uma página de grande beleza: “Quando…” esta página tem sido publicada,  e também gravada, mas sem citação do seu nome ou atribuindo-a a outros autores. Por exemplo , foi publicada como sendo de André Luiz, psicografada por Chico Xavier. Há também uma gravação na TAPE-CAR, com a voz de José Gomes, e o título de Meditações, em cujo selo se lê: D.P., ou seja “Domínio Público”. Um dos grandes bancos brasileiros imprimiu a mesma página, sem se preocupar com o autor, declarando no rodapé: “autor ignorado”. Tudo com absoluta falta de ética.

O Professor Rubens Costa Romanelli colocou sua fulgurante inteligência e cultura à serviço da humanidade. Reunia todas as qualidades que se deseja para um ser humano, pela sua bondade, seu grande coração, junto à família e na sociedade em que conviveu.

 

(Fonte:ROMANELLI, Rubens Costa. O primado do Espírito, Belo horizonte: ED. Síntese, 1966 e LUCENA, Antônio de Souza. Pioneiros de uma Nova Era. Rio de Janeiro: CELD, 1997.)

 

1 Comentário

  1. Recebi, deslumbrado, as luzes fulgurantes de seu Saber profundo e foi através de sua renúncia às ilusões efêmeras, tão apreciadas e valorizadas nesse planetinha azul que me senti inclinado a seguir seu exemplo de vida e em assim fazendo, minha peregrinação nesse mundo ganhou novo alento, importância e significado. O simples e auspicioso fato de tê-lo como mestre e amigo foi, desde o primeiro momento, minha “Estrada de Damasco”. Desde então, jamais me senti só…

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