CHICO XAVIER – Traços Biográficos
Filho do operário João Cândido Xavier e da doméstica Maria João de Deus. Nasceu a 2 de abril de 1910, na cidade de Pedro Leopoldo.
A desencarnação de dona Maria João de Deus, deu-se a 29 de setembro de 1915, quando o Chico tinha apenas 5 anos.
Dos nove filhos (Maria Cândida, Luzia, Carmosina, José, Maria de Lourdes, Chico, Raimundo, Maria da Conceição e Geralda), seis foram entregues a padrinhos e amigos.
Chico sofreu muito em companhia de sua madrinha, que era obsediada. Conta ele, que apanhava três vezes por dia, com vara de marmelo. O pai de Chico casou-se novamente; desta feita com Cidália Batista, de cujo casamento advieram mais seis filhos (André Luiz, Lucília, Neusa, Cidália, Doralice e João Cândido).*
Por essa ocasião, deu-se o seu retorno à companhia do pai, dos irmãos e de sua segunda mãe dona Cidália, que tratava a todos com muito carinho.
Sua escolaridade vai até o curso primário, como se dizia antigamente. Trabalhou a partir dos oito anos de idade, de 15h às 2h, numa fábrica de tecidos.
Católico até o ano de 1927, o Padre Sebastião Scarzelli era seu orientador religioso.
Com a obsessão de uma de suas irmãs, a família teve que recorrer ao casal de espíritas, Sr. José Hermínio Perácio e dona Carmem Pena Perácio, que após algumas reuniões e o esforço da família do Chico, viu-se curada. A partir daí, foi mantido o Culto do Evangelho no Lar, até que naquele ano de 1927, o Chico, respeitosamente, despediu-se do bondoso padre, que lhe desejou amparo e proteção no novo caminho. (…)
No ano de 1927, funda em Pedro Leopoldo, junto com outras pessoas, o Centro Espírita Luiz Gonzaga.
Em 08/08/44, Chico Xavier, através do advogado Dr. Miguel Timponi, em co-autoria com a FEB – Federação Espírita Brasileira, inicia contestação à ação declaratória movida pela Sra. Dª. Catharina Vergolino de Campos, viúva do famoso escritor desencarnado Humberto de Campos, sob a fundamentação de ser necessário concluir se efetivamente a obra psicografada pelo Chico, como sendo do notável escritor patrício, Humberto, após sua desencarnação. Ao final desse longo pleito, através de críticos literários, os mais consagrados, concluiu-se ser autêntica a obra em questão (ver o assunto completo no livro “A Psicografia ante os Tribunais, de autoria do advogado Dr. Miguel Timponi – Ed. FEB).
Dos quatro empregos que teve, por 32 anos trabalhou na Escola Modelo do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo e Uberaba, nesta última cidade, a partir de 1959, quando para lá se transferiu.
Chico sempre se sustentou com seu modesto salário, não onerando a ninguém. Aposentou-se como datilógrafo subordinado ao Ministério da Agricultura. Jamais se locupletou como médium. Ganhava, dos mais simples aos mais valorizados presentes (canetas, fazendas, carros), mas, de tudo se desfazia educadamente. Dos quatrocentos e doze livros psicografados, os quais pela lei dos homens lhe pertenciam os direitos autorais, de todos se desfez doando-os a federativas espíritas e a instituições assistenciais beneficentes, num verdadeiro exemplo vivo de cidadania e amor ao próximo.
CHICO XAVIER – A Polivalência de sua Obra Literária
É bastante diversificada a obra literária do Chico, senão vejamos: o primeiro livro publicado foi “Parnaso de Além Túmulo”, escrito por 56 poetas desencarnados, compreendendo brasileiros e portugueses. Foi recebido no período de 1931 a 1932. Na época, sua idade era de apenas 21 anos. Com esta obra, Chico começa por onde a imensa maioria dos medianeiros psicógrafos principia.
Detém em sua produção Prosa e Verso, que nós, na mera condição de leitor, classificamo-la como sendo:
Reveladora: Com a publicação da obra Nosso Lar, o espírito André Luiz inicia primorosa coleção em que se ressalta, dentre tantas informações, o caráter revelador da obra, onde se tem registrado o cotidiano, o dia a dia da vida extrafísica.
Identificadora: Assim chamamos a literatura poética, como no caso do “Parnaso”. Se “estilo é maneira de exprimir os pensamentos, falando ou escrevendo” (Aurélio), no Parnaso figuram quase 6 dezenas de poetas da Língua Portuguesa, dentre os mais consagrados. Aí, a comparação entre o poeta, quando na vida física e quando retorna ao plano espiritual, torna-se inevitável.
Mensagem: Chamamos livros de mensagens, aqueles compostos por mensagens avulsas, de temas variados, de espíritos diversos. (Ex: Mãos Unidas, Respostas da Vida, etc).
Romanesca: Destacamos, neste gênero, os cinco romances de Emmanuel (mentor do médium): Há Dois Mil Anos (abrange o período histórico de 31 a 79 D.C), Cinqüenta Anos Depois (ano 131 – D.C), Ave Cristo (abrange o período 217 a 258 D.C), Paulo e Estevão (depois da morte de Jesus até aproximadamente anos 70 D.C) e Renúncia (cobrindo a segunda metade do século XVII, iniciado em 1662 – reinado de Luiz XIV de França). Há Dois Mil Anos foi escrito no curto espaço de 24/10/38 a 09/02/39, em intervalos das atividades profissionais do Chico.
Chamamos a atenção para a chamada Cronologia Romana reconhecida por experts como autêntica. A obra suscitou o aparecimento do livro Vocabulário Histórico-Geográfico, de Roberto Macedo, versando sobre o vocabulário existente nos cinco romances supra citados.
Histórico-Geográfico: A exemplo dos livros “A Caminho da Luz” e romances de Emmanuel (já citados), “Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” de Humberto de Campos.
Conto: merecem destaque Jesus no Lar, de Neio Lúcio, Almas em Desfile e A vida Escreve, de parceria com o médium Waldo Vieira, de autoria espiritual de Hilário Silva e Contos e Apólogos, Reportagens de Além Túmulo, Contos Desta e Doutra Vida, autoria espiritual de Humberto de Campos, além de outros.
Reportagem: Encontramos o trabalho de Humberto de Campos, que com vigor e talento, do plano da imortalidade envia-nos reportagens notáveis como a que realiza com o apóstolo Pedro, no livro Crônicas de Além-Túmulo, ou com Napoleão, no livro Cartas e Crônicas ou ainda quando entrevista a famosa atriz Marilyn Monroe, no livro Estante da Vida.
LITERATURA INFANTIL
Através de autores como Neio Lúcio, Casimiro Cunha e outros.
LITERATURA JOVEM
Livros de espíritos que ainda jovens retornaram ao plano espiritual, como a obra de Jair Presente, de Augusto César e outros, cuja característica principal são, as gírias praticadas pelos jovens, notadamente no período em que surgiram.
LITERATURA UNIVERSITÁRIA
De nosso conhecimento, coube à Professora Ângela Maria de Oliveira Lignani inserir a obra literária do Chico nos meandros universitários. A professora em questão logrou aprovação no Curso de Mestrado da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Teoria da Literatura. Dissertação com 200 páginas, cujo título é “Psicografia e inscrições discursivas: a escrita de Chico Xavier”.
LITERATURA HUMORÍSTICA
Lulu Parola, Cornélio Pires e outros trazem aos leitores rica obra com esta característica.
LITERATURA CIENTÍFICA
Por se compor de Ciência, Filosofia e Religião, invariavelmente, qualquer obra dita espírita mostra esta tendência, mas, especificamente podemos citar as de André Luiz como “Evolução em Dois Mundos” e “Mecanismos da Mediunidade”.
LITERATURA EVANGÉLICA
O Evangelho é tema de vasta obra psicografada pelo Chico, especialmente de Emmanuel: Caminho, Verdade e Vida, Pão Nosso, Vinha de Luz, Fonte Viva, Livro da Esperança, Palavras de Vida Eterna, Segue-me, Bênção de Paz.
CHICO XAVIER – Ressonância de sua Obra
NO CINEMA
Da mensagem publicada no livro “Somos Seis” resultou o filme Edifício Joelma.
NO TEATRO
Várias compilações de obras diversas resultaram na peça teatral “Além da Vida”, apresentada por atores e atrizes profissionais.
NA TELEVISÃO
Tanto na extinta Rede Tupi (associada) quanto na Rede Globo, adaptou-se como novela o livro “Nosso Lar”, sob o título de “A grande viagem”, com amplo sucesso.
NO RÁDIO
Apresentação do chamado rádio-teatro, como o romance “Há Dois mil Anos”, teatralizado na Rádio Mundial.
Programas radiofônicos veiculando páginas espíritas.
Nos mais diversos ambientes, deparamos afixadas páginas psicografadas pelo Chico, porém, nem sempre de origem identificada.
NO JUDICIÁRIO
Conforme se vê no livro Lealdade, organizado pelo laborioso tarefeiro espírita, Hércio Marcos, do IDE – Instituto de Difusão Espírita – Araras/SP, relatando que, com base em mensagem psicografada pelo Chico, o MM. Juiz da causa absolveu o réu no douto judiciário do estado de Goiás.
NA MÚSICA
Já nos idos de 1970, o astro da canção brasileira, Roberto Carlos, revelava no Programa Flávio Cavalcanti, a influência das obras do Chico nas letras das músicas que compõe.
São inúmeras as letras psicografadas pelo Chico que foram e são musicadas, daí resultando belas canções, tais como: Alma Gêmea e Companheiro, letras de Emmanuel. A Prece, letra de João de Deus, Diretrizes adaptado do trecho de Bezerra de Menezes..
Fábio Júnior, Vanuza e Moacir Franco, sempre demonstraram grande carinho pelo Chico, inclusive, homenageando-o através de músicas de suas autorias.
Inúmeros LP’s (hoje em desuso) e incontáveis CD’s enriquecem a fonografia patrícia, oriunda da obra do Chico.
NA PINTURA
Através do chamado processo ideoplástico a exuberante mediunidade do Chico tem proporcionado o surgimento de quadros maravilhosos, como o do Senador romano Publius Lentulus e o retrato de Maria (vide Anuário Espírita 1986).
ABRANGENDO IRMÃOS DE OUTRAS TERRAS
A monumental obra psicografada pelo Chico já teve livros traduzidos para o esperanto, o francês, o inglês, o espanhol, o japonês, o tcheco e o polonês.
NA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Pelo fato de o Chico, invariavelmente, registrar em cartório a doação dos direitos autorais a que teria direito em favor de instituições beneficentes, que pela lei do homem lhe caberia sobre 412 obras, tal procedimento possibilita grande fonte de recursos a essas instituições mesmo depois de sua morte. E já são mais de 30 milhões de exemplares editados.
CHICO SELA COMPROMISSO COM O ESPÍRITO EMMANUEL
A data do início do mandato mediúnico do Chico é considerada 8 de julho de 1927, mas o reencontro com seu guia espiritual Emmanuel, deu-se nos fins de julho de 1931 (ver interessante diálogo que se estabeleceu entre os dois, conforme relata o livro “Chico Xavier Mandato de Amor”, UEM, p. 30-31).
QUEM ERA EMMANUEL
Senador romano na época do Cristo, conhecido por Publius Lentulus. De lá para cá do nosso conhecimento, surge nas figuras do escravo Nestório, do Padre Manoel de Nóbrega (fundador de São Paulo) e do Padre Damiano, reencarnado na Espanha.
O relacionamento entre os dois, “se perde na poeira dos sóis”, segundo informação que o Chico nos prestava, por informação do mentor espiritual.
JESUS – KARDEC – EMMANUEL
Como é sabido, a interação Jesus-Kardec-Emmanuel é absolutamente harmônica. E desde aquele longínquo 31 de julho de 1931, Emmanuel já determinava: “ – se algum dia eu conflitar com Jesus e Kardec, me abandone Chico”.
Nesse clima de absoluta interação é que para comemorar centenários respectivos, da obra que compõe o “Pentateuco Luz”, no dizer de Nenê Aluotto, temos:
– em 1959, surge o livro Religião dos Espíritos, em comemoração ao centenário do Livro dos Espíritos;
– em 1960, o livro Seara dos Médiuns, em comemoração ao centenário do Livro dos Médiuns;
– em 1961, o livro Justiça Divina, em comemoração ao centenário do livro Céu e Inferno;
– em 1964, o livro da Esperança, em comemoração ao centenário do Evangelho Segundo o Espiritismo.
Todos esses livros de autoria de Emmanuel. O Chico recebeu além desses, de espíritos diversos, o livro O Espírito da Verdade, ainda comemorativo ao centenário do Evangelho Segundo o Espiritismo.
CHICO FALA DE SUA PRÁTICA MEDIÚNICA
No livro Parnaso de Além Túmulo, Ed. FEB – 1972 – Comemorativa do 40º aniversário de lançamento, pág. 33, Chico diz a respeito: “A sensação que sempre senti, ao escrevê-las (referindo-se a poesias recebidas mediunicamente), era a de que vigorosa mão impulsionava a minha. Doutras vezes, parecia-me ter em frente um volume imaterial, onde eu as lia e copiava; e, doutras, que alguém mas ditava aos ouvidos, experimentando sempre no braço, ao psicografá-las, a sensação de fluidos elétricos que o envolvessem, acontecendo o mesmo com o cérebro, que se me afigurava invadido por incalculável número de vibrações indefiníveis. Certas vezes, esse estado atingia o auge, e o interessante é que parecia-me haver ficado sem o corpo, não sentindo, por momentos, as menores impressões físicas. É o que experimento, fisicamente, quanto ao fenômeno que se produz freqüentemente comigo.”
MÉDIUM COMPLETO
Poder-se-á dizer que Chico foi um médium completo, tanto do ponto de vista moral quanto da técnica mediúnica.
O saudoso professor Herculano Pires o chamava de “homem-psi”.
Elias Barbosa diz que dele poder-se-á dizer “do alto dos telhados”, tratar-se do maior médium psicógrafo do mundo.
O culto e saudoso professor Rubens Romanelli, dizia com relação a Chico Xavier: “Trata-se de um dos maiores autodidatas que já conheci”.
CURIOSIDADES ACERCA DA PROFÍCUA PRODUÇÃO PSICOGRÁFICA DE CHICO
De uma certa feita na bela cidade triangulina de Uberlândia, o saudoso tarefeiro espírita Zenon Vilela passou para o papel, a seguinte informação:
No ano de 1952, Chico psicografou 2 livros, em 2 dias: Roteiro, de Emmanuel, com 172 páginas e Pai Nosso, de Meimei, com 104 páginas.
No ano de 1963, Chico psicografou 2 livros, em 2 dias: Opinião Espírita, com 204 páginas e Sexo e Destino, com 360 páginas.
No dia 31 de março de 1969 (data comemorativa do falecimento de Kardec, mera lembrança nossa), Chico psicografou 2 livros, no mesmo dia: Passos da Vida, com 156 páginas e Estante da Vida, com 184 páginas.
Chico é apontado como fenômeno na aceitação do leitor. Dos dez melhores livros do século, em pesquisa realizada por órgãos da imprensa espírita, sete são da psicografia do Chico. O primeiro lugar coube ao livro Nosso Lar, na 48ª edição, com mais de 1.200 milheiros de exemplares editados.
Ao longo de seus 75 anos de mandato mediúnico tornaram-se incontáveis os títulos honoríficos a que fez jus:
– dezenas de cidadanias;
– mais de uma centena de biografias;
– instituiu-se a Comenda da Paz Chico Xavier, por decreto estadual;
– o Mineiro do Século, por promoção da Rede Globo, etc, etc;
– pelos auditores independentes da Receita Federal, foram eleitas as 8 mais importantes figuras mundiais: Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier, Mandela, Sabin, Carlitos, Santos Dumont, Gandhi e Che Guevara.
Por dados estatísticos fornecidos por órgãos da Imprensa Nacional, em seu velório que se iniciou no domingo, 30 de junho, até terça-feira, 2 de julho do ano de 2002, em certos momentos, a fila chegou à extensão de 4 km. E diante do esquife, a média era de 40 pessoas, a cada minuto. Era comovente a serenidade e o silêncio do povo, apesar de ter que esperar horas e horas seguidas na fila, sob o forte sol uberabense, para a despedida aos despojos físicos do médium. Foi sepultado com honras militares debaixo de uma chuva de pétalas de rosas.
Eric Fronn nos ensina que “só o amor é justificativa à presença humana”. O
Chico “triplica” essa justificativa. Muitos o cognominam: “um homem chamado amor”.
(Fonte: www.uembh.com.br)
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Frase do livro Testemunhos de Chico Xavier. FEB
CHICO XAVIER – ÁRDUA ASCENSÃO
Cartas escritas com lágrimas. – Não devemos desagradar a ninguém 23/11/1944
“(…) O que dizes, referentemente à atitude de certos confrades que descambam para o terreno das provocações declaradas, é a cópia do que sinto também. É muito triste vermos companheiros, com tantas expressões de cultura evangélica, arvorarem-se em lutadores e combatentes sem educação. Logo que houve o agravo da sentença (caso H. Campos), observando a agressividade de muitos, escrevi mais de cinqüenta cartas privadas e confidenciais aos amigos da doutrina, com responsabilidade na imprensa espiritista, rogando a eles me ajudarem, por amor de Jesus, com o silêncio e a prece e não com defesas precipitadas e, confesso-te, que algumas dessas cartas foram escritas com lágrimas por mim, tal a desorientação de certos amigos que facilmente se transformam em provocadores e ironistas, esquecendo os mais comezinhos deveres cristão. (…)”
(…) “conforme assevera o nosso Emmanuel, “na tarefa mediúnica, não podemos agradar a todos, mas não devemos desagradar a ninguém”. Minha situação era muito delicada e mesmo assim não faltaram inúmeros confrades que me escreveram cartas impiedosas e irônicas, quando liam reportagens em desacordo com a verdade dos fatos, como se eu devesse controlar todos os jornais que escreveram sobre o acontecimento. Alguns me perguntaram acremente se eu não estava obsediado e se já não havia enlouquecido. (…) Continuemos, meu amigo, em nossos trabalhos, edificados na consciência tranqüila.”
Boatos da confusão. – Vendido à FEB 12/02/1945
“(…) Não te incomodes, meu caro amigo, com os “boatos da confusão”.
(…) quase que semanalmente, me escrevem em termos ásperos, acusando-me de estar vendido à Causa de Ismael. A princípio, incomodava-me, hoje, porém, deixo que digam o que quiserem. E isto ainda me serve de confortadora advertência, porque se muitos dos nossos companheiros de crença não podem compreender a amizade de um médium a uma instituição venerável como a Federação, que esperar dos nossos inimigos gratuitos? Temos de ouvir-lhes as leviandades, receber-lhes os golpes e seguir para a frente.
Emmanuel, pregador de cartazes do Reino 21/04/1946
“(…) Foi uma nota de alegria a tua informação inicial do sonho dos cartazes. No fim da carta, li a tua referência às notícias do Ismael e ri-me bastante. Emmanuel afirmou, de fato, a um exaltado companheiro, que ele, Emmanuel, nada faz e que é um simples “pregador de cartazes convidando à festa do Reino”. E acrescentou que ele não foi ainda pessoalmente convidado a festa, mas que está espalhando cartazes por ordem superior. Achei também a idéia muito engraçada.
Surge André Luiz. 12/10/1946
“Esta é a razão pela qual, segundo creio, não tem o nosso amigo trazido a sua contribuição direta. Isto é o que eu acredito, sem saber se está certo, porque no meio destas realizações eu estou como um “batráquio na festa”. A luz que, por vezes, me rodeia me amedronta. Vejo, ouço, e me movimento, no círculo destas trabalhos, mas, podes crer, vivo sempre com a angústia de quem se sente indigno e incapaz. Cada dia que passa, mais observo que a luz é luz e que a minha sombra é sombra. Reconhecendo a minha indigência, tenho medo de tantas responsabilidades e rogo a Jesus me socorra.”
Mandato mediúnico 31/10/1946
“(…) Não me digas que o nosso companheiro falou a verdade a meu respeito em (periódigo) “Um só Senhor”. A parte que me foi “debitada”é terrível. Sabe Deus como me dói o mandato mediúnico: E dói-me porque me veste de “penas de pavão”escondendo minhas feridas. Toda gente julga que sou um espírito são, quando não passo de pobre alma em provas, como um enfermo e imperfeito.” (…)
Visitas perturbadoras 10/11/1946
“Para poucos que auxiliam, temos sempre milhões que criticam.”conforme diz o nosso prezado Emmanuel. (…)
Acusações por ter desistido da herança 12/03/1947
“Sobre este caso da herança, tenho recebido “belas descomposturas”. Nestas documentações os nomes mais carinhosos com que sou nomeado são os de “médium pedante, ingrato e orgulhoso”. As cartas anônimas que me acusam são as mais engraçadas. Mas já me habituei a tudo isso. O que eu preciso é de um bom travesseiro na consciência para eu dormir com tranqüilidade e esse tesouro, graças a Jesus, não me tem faltado. (…)
Nosso serviço é de construção 14/08/1947
“Nosso serviço – diz Emmanuel – não é de propaganda. É de construção!”
Recusa ajuda para os sobrinhos 21/08/1947
“O interesse dos inimigos das boas obras é distrair o bom trabalhador, fazendo-o perder tempo, quando não podem fazer o pior. (…)
Cuidado com o livro mediúnico 24/08/1947
“Nossa tarefa é também de servirmos ao “desembarque das idéias renovadoras”, garantindo-lhes o curso entre os nossos irmãos em Humanidade e, nesse trabalho, devemos estar firmes como um cais. As ondas revoltas da opinião e da desconfiança baterão contra nós, todos os dias, mas continuemos inabaláveis e venceremos tudo.” Aqui termina o que ouvi do nosso amigo espiritual.” (…)
Fluidos venenosos. – Vergastadas por servir à Causa 15/09/1947
(…) “Imaginas que eu, sem qualquer expressão no movimento doutrinário, isolado no sertão agreste de Minas, tenho recebido todos os nomes grosseiros conhecidos. Tudo quanto é “acusação”, as mais esquisitas, tem vindo sobre mim. Há dias em que me sinto enlouquecer, porque registro a carga pesada de fluidos venenosos que me atiram. Mas Deus há de auxiliar-nos. Ele nos ajudará a chegar até o ponto em que nos for permitido seguir, por Sua Divina Vontade. (…)
Necrológio. – Consultas em nome de Chico Xavier 28/10/1947
“(…) a luta ainda é grande e as circunstancias de serviço e as injunções da propaganda da doutrina me obrigam a gestos e atitudes nos quais, naturalmente com razão, sou interpretado por muitos amigos do ideal por vaidoso e ridículo. Há dias em que recebo cartas amargas e valioso confrade já me escreveu que eu devia encerrar o esforço mediúnico porque o meu trabalho na difusão do livro é simples vaidade e nada mais. Como vês, convém que eu experimente sozinho essa fase da batalha.”
Adversários. – Amigos estimulantes 01/11/1947
(…) “Quanto aos nossos amigos estimulantes, faze o possível para que não se separem de tua obra elevada e digna. O melhor modo de utilizarmos o adversário, ainda mesmo quando seja mau declaradamente, é conservá-lo junto de nós, a fim de que o convençamos da sinceridade de nossos propósitos e de nossa amizade, na luta do dia a dia. Enquanto permanece ao nosso lado, com o nosso espírito de fraternidade, temos somente um inimigo, muitas vezes benéfico; mas,se alijamos, sem a precisa renovação, temos uma guerra de longa e indefinível duração, no espaço e no tempo.”
“Diz-nos Emmanuel, frequentemente, que “para tomar ou adquirir alguma coisa de nossos semelhantes, a ação é sempre mais fácil, mas é sempre mais difícil dar a alguém o bem legítimo, quando nisto empenhamos o coração. 01/11/1947
A questão das visitas 27/12/1947
“(…) O que me dizes relativamente às visitas é uma grande verdade. Se nos colocarmos à disposição de quantos nos procuram, o serviço ficará por fazer. Aqui em Pedro Leopoldo, o enigma é um dos mais sérios. Todos chegam falando em caridade, mas se pedirmos a eles para serem caridosos, fogem acusando-nos. É preciso um verdadeiro “Ministério do Exterior” para tratar do assunto. Penso que isso deve fazer parte de nossas provas.”
O nosso Deus é um fogo consumidor 04/01/1948
“(…) Compreendo-te as lutas na direção da Casa que nos é tão venerável. Eu nada represento, sou um verme na máquina do serviço espiritual e de há muito me sinto em pleno fogo. Há momentos em que me vejo desencarnar sob a pressão das duas esferas – a visível e a invisível. Valha-nos, meu caro amigo, a afirmativa do Apóstolo quando nos disse: – O nosso Deus é um fogo consumidor.”
(…) diz-nos o nosso prezado Emmanuel que em todas as horas da vida é preciso enfrentar os fatos e procurar o lema: – Por fora com todos e por dentro com Deus.”
Significado de Luz Acima 26/02/1948
(…) Calor estafante, boas lutas, muito trabalho e fé viva, são o nosso precioso cardápio, por felicidade nossa. Com a ajuda do Alto, vamos vencendo.
Declaração aos jornalistas 09/04/1948
(…) Grato pelo que me disseste, do caso “Diários Associados”. Também eu não gostei da declaração dada por mim, entretanto, há momentos em que para aparamos grandes golpes devemos sofrer golpes menores, ainda mesmo suportando a acusação de covardia ou cretinismo.
I Congresso de Unificação. (…) Cartas insultuosas 18/11/1948
Parece incrível, mas posso dizer-te que tenho visto e ouvido semelhantes legiões das trevas em inúmeras ocasiões de minha humilde tarefa mediúnica. Não sei porquê, mas há cerca de quinze anos me aparecem e hostilizam, sem tréguas. (…)
(…) Falar e fazer são dois verbos muito diferentes. Esperemos o rio das horas. A corrente sempre traz muitas surpresas.
(…) Deram-me formosos adjetivos e só disseram que eu estou um médium “cansado”. Isto é muito honroso para uma pessoa como eu que me sinto, francamente, na posição do servidor que ainda não começou a trabalhar. (21 anos de mediunidade)
Um sonho que se realizou 25/11/1948
(…) O caso Caracala é impressionante. Fiz uma pesquisa em companhia de amigos espirituais e percebi a extensão do drama. Por agora, não posso reviver o passado. Voltar aos túmulos é sofrer muito. Vamos trabalhar e conquistar forças para que o futuro nos ajude a ver o pretérito de maneira proveitosa.
Chegar ao fim é crucificar-se 09/12/1948
(…) Peço a Deus para que esse grande batalhador jovem não se perca. “Começar é fácil, continuar é difícil e chegar ao fim é crucificar-se” diz o nosso Emmanuel para designar uma tarefa cristã.
(…) Quanto ao caso do Sr. ….., eu penso deve ele ser um trabalhador daqueles “tipo como quer, onde quer e quando quer”. Diz Emmanuel que esse gênero de servidores pode ser muito bom, mas não é a espécie que Jesus espero do mundo. (…)
Não há problema insolúvel 28/01/1949
Com Jesus e com o tempo, não há problema insolúvel.
Diz-nos um amigo invisível que quem com César adquire débitos, com o próprio César resgatará.
Polêmicas 10/05/1949
(…) Diz Emmanuel que “polemizar é remexer uma tina d’água, serviço vão que cansa os braços inutilmente. E se temos de remexer a água, debalde, melhor será distribuí-la, tão limpa quanto possível, com os sedentos que vão marchando conosco, em piores condições que as nossas.”
O outro André Luiz 15/12/1949
“(…) Sei que te encontras assoberbado por questões importantes, cada hora. Isso esmaga a cabeça e fere o coração. Não te preocupes, pois, por mim. (…) Eu também vou indo por aqui, como alguém que estivesse carregando um vulcão no crânio.
Incenso do mundo 11/01/1950
(…) Emmanuel costuma dizer-me que “quando aceitamos o incenso do mundo, vamos perdendo o contacto com a Vontade de Deus.”
Só os inúteis não possuem adversários 22/04/1950
Os nossos Benfeitores Espirituais costumam afirmar que só os inúteis não possuem adversários e que a paz procurada pela maioria das criaturas é simplesmente a paz fantasiosa do cemitério.
(…) O tempo é o maior selecionador do Cristo.
Ataques. – Silenciar. – A lição de Kardec 14/02/1951
“(…) Que o Alto ilumine o nosso irmão…..
Fazes bem nada respondendo. O ataque fala sempre pela procedência. O trabalhador fiel ao bem não dispõe nem de intenção, nem de tempo para assaltar o nome e o serviço dos outros. Eu também, com a graça de Jesus, continuo recebendo bordoadas aqui e ali, mas agora, mal acabo de “apanhar”, faço uma prece de agradecimento e vou seguindo para diante. A Justiça Verdadeira vem das mãos de Deus. Enquanto nos acusam e condenam, prossigamos trabalhando. Um dia…
Unificação – Dia da Morte 15/03/1951
(…) Tenho muita inveja de todos os nossos irmãos que viajam e pergunto, em silêncio, quando terei a passagem carimbada para tomar o trem. Aguardarei a minha vez. (…)
Certas Cruzes – Marteladas 01/01/1952
“meu caro, a missão do alicerce é a de suportar o peso de um edifício inteiro. Imaginemos o que seria de nós, se os nossos amigos espirituais solicitassem dispensa dos encargos a que os constrangemos.(…) segundo a opinião de nossos Benfeitores Invisíveis, há certas cruzes sob as quais deveremos morrer. Atravessamos uma época sombria, e num barco de compromissos graves como esse em que navegamos mais valerá sermos substituídos por ordem superior, a fim de que não nos seja imputada a culpa pela perturbação ou pelo soçobro de muitos. Confio em ti e peço ao Senhor te fortaleça.
Quanto às marteladas, nem de leve pensemos em diminuição delas. Enquanto estivermos por aqui e, principalmente, enquanto estivermos trabalhando, pelo mundo seremos aguilhoados e perseguidos sem pausa de descanso.
Que o Senhor não nos negue, por misericórdia, a oportunidade de algo sofrer e algo fazer, a benefício de nós mesmos, no resgate do pretérito escuro e triste.” (…)
Insultos ao médium 23/10/1952
(…) Ele me escreveu uma carta longa e insultuosa, desconhecendo as lutas enormes que me ferem o coração, no desdobramento das tarefas mediúnicas. Só Deus sabe quanto me tem custado viver 25 anos consecutivos de mediunidade ativa em Pedro Leopoldo (…), por amor a uma Doutrina na qual tenho procurado regenerar o meu próprio espírito endividado à frente da Lei. Sei, porém, que cada coração dá o que possuí e, por isso, rogo ao Alto nos ajude e auxilie.
Ramiro Gama e os Lindos Casos de Chico Xavier 16/10/1955
“(…) Sobre o caso das biografias, pedi muito ao Ramiro não publicasse o livro que pretende lançar. Escrevi mesmo à … fazendo-lhe ver que eu não tinha qualquer interesse na publicação, porque o autor me disse que ia destinar o livro à instituição presidida por … (…) mas o nosso confrade lá se foi adiante e, ao que hoje sei, publicará o livro que organizou (…).
(…) não me canso de dizer a todos que sou apenas uma besta em serviço, e não me consta que uma besta possua biografias. (…)”
Bofetões no rosto 25/11/1957
Muitos amigos nossos têm trazido aqui pessoas de alta condição social com se eu as tivesse convidado para receber mensagens desse ou daquele parente desencarnado e como as mensagens não vêm com facilidade, na maioria das vezes, o resultado para todos nós é o desapontamento e a mágoa maior. De semelhantes iniciativas, que nunca promovi, tenho colhido lições amargas, inclusive a de ter apanhado bofetões no rosto, por quatro vezes diversas, nestes meus trinta anos de mediunidade ativa, agressões essas que partem de pessoas naturalmente obsidiadas ou enfermas, para as quais não pude receber a palavra de afeições queridas do Além. Assim julgo, de vez que, se não estivessem doentes, teriam tido outro procedimento, porquanto nunca chamei qualquer pessoa a PL e de todas as que já vieram nunca pedi favor algum, nem mesmo o da compreensão.
Grande abraço do teu de sempre, Chico.
Desdobramento 14/03/1958
Ultimamente, estou freqüentando, fora do corpo físico, uma noite por semana, uma Escola do Espaço em que o nosso abnegado Emmanuel é professor de Doutrina Espírita. Confesso que é uma experiência maravilhosa. Estou aprendendo o que nunca pensei em aprender e tenho conservado a lembrança do que vejo, com o auxílio dos Amigos do Alto.
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Pseudônimo adotado por André Luiz para falar de Chico Xavier – Ambrosina
NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE
(…) diálogo entre Áulus e Hilário…
Texto criado, por inspiração :
Depois da Divina palestra, sobre o Mandato Cristão, vamos nos deparar com um grupo de médiuns dialogando com um Venerando representante daquele conclave de luz.
Assinalando a necessidade de perfeita comunhão entre o mentores e os médiuns, um dos aprendizes formulou uma pergunta:
Para uma proveitosa interação entre o mentor espiritual e o médium, será necessário um programa bem elaborado?
– Ah! Sim, semelhantes serviços não se efetuam sem programa. O acaso é uma palavra inventada pelos homens para disfarçar o menor esforço. Gabriel (Emmanuel) e Ambrosina (Chico Xavier) planejaram a experiência atual, muito antes que ela se envolvesse nos densos fluidos da vida física.
– E por que dizer – continuei, lembrando ao Assistente as suas próprias palavras – “quando o médium se destaca no serviço do bem recebe apoio de um amigo espiritual”, se esse amigo espiritual e o médium já se encontram irmanados um ao outro, desde muito tempo?
O instrutor fitou-me de frente e falou:
– Em qualquer cometimento, não seria lícito desvalorizar a liberdade de ação. Ambrosina (Chico Xavier) comprometeu-se; isso, porém, não a impediria de cancelar o contrato de serviço, não obstante reconhecer-lhe a excelência e a magnitude. Poderia desejar imprimir novo rumo ao seu idealismo de mulher, embora adiando realizações sem as quais não se erguerá livremente do mundo. Os orientadores da Espiritualidade procuram companheiros, não escravos. O médium digno da missão do auxílio não é um animal subjugado à canga, mas sim um irmão da Humanidade e um aspirante à Sabedoria. Deve trabalhar e estudar por amor… É por isso que muitos começam a jornada e recuam. Livres para decidir quanto ao próprio destino, muitas vezes preferem estagiar com indesejáveis companhias, caindo em temíveis fascinações. Iniciam-se com entusiasmo na obra do bem, entretanto, em muitas circunstâncias dão ouvidos a elementos corruptores que os visitam pelas brechas da invigilância. E, assim, tropeçam e se estiram na cupidez, na preguiça, no personalismo destruidor ou na sexualidade delinqüente, transformando-se em joguetes dos adversários da luz, que lhes vampirizam as forças, aniquilando-lhes as melhores possibilidades. Isso é a da experiência de todos os tempos e de todos os dias…
– Sim, sim… – concordei – mas não seria possível aos mentores espirituais a movimentação de medidas capazes de pôr cobro aos abusos, quando os abusos aparecem?
Meu interlocutor sorriu e obtemperou:
– Cada consciência marcha por sim, apesar de serem numerosos os mestres do caminho. Devemos a nós mesmos a derrota ou a vitória. Almas e coletividades adquirem as experiências com que se redimem ou se elevam, ao preço do próprio esforço. O homem constrói, destrói e reconstrói destinos, como a Humanidade faz e desfaz civilizações, buscando a melhor direção para responder aos chamamentos de Deus. É por isso que pesadas tribulações vagueiam no mundo, tais como a enfermidade e a aflição, a guerra e a decadência, despertando as almas para o discernimento justo. Cada qual vive no quadro das próprias conquistas ou dos próprios débitos. Assim considerando, vemos no Planeta milhões de criaturas sob as teias da mediunidade torturante, milhares detendo possibilidades psíquicas apreciáveis, muitas tentando o desenvolvimento dos recursos dessa natureza e raras obtendo um mandato mediúnico para o trabalho da fraternidade e da luz. E, segundo reconhecemos, a mediunidade sublimada é serviço que devemos edificar, ainda que essa gloriosa aquisição nos custe muitos séculos.
– Mas, ainda num mandato mediúnico, o tarefeiro da condição de Dona Ambrosina (Chico Xavier) pode cair?
– Como não? – acentuou o interlecutor – um mandato é uma delegação de poder obtida pelo crédito moral, sem ser um atestado de santificação. Com maiores ou menores responsabilidades, é imprescindível não esquecer nossas obrigações perante a Lei Divina, a fim de consolidar nossos títulos de merecimento na vida eterna.
E, com significativo tom de voz, acrescentou:
– recordemos a palavra do Senhor: “muito se pedirá de quem muito recebeu”.
A conversação, à margem do serviço, oferecera-me suficiente material de meditação.
As valiosas anotações do Assistente, em se reportando à mediunidade, impeliam-me a silenciar e refletir.
Nota: A autora Suely Caldas Schubert do excelente livro Testemunhos de Chico Xavier, editado pela. FEB. cap. Papel de palhaço, afirma que a médium Ambrosina, do livro Nos Domínios da Mediunidade, cap. 16, poderia ter sido a do próprio Chico.
Em outro trabalho orientativo Dimensões espirituais do Centro Espírita, editado pela FEB, Capítulo Mandato mediúnico, a autora de Juiz de Fora, volta a afimar: Em minha opinião pessoal a experiência de Chico Xavier pode ter sido relatada por André Luiz, ilustrando-a como tendo sido vivida pela personagem Ambrosina, tanto quanto suponho ser esta reunião que estamos comentando nesse capítulo uma descrição da que era realizada pelo médium mineiro.
Obs. Suely Caldas Schubert foi muito feliz em colocar esta nota, pois Arnaldo Rocha confirmou a informação recebida pelo próprio Chico Xaver.
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Amor e Renúncia – Traços de Joaquim Alves – Silvano.
Carta de Chico Xavier para o Jô.
Querido Jô
Jesus nos abençoe.
Recebi sua carta querida de 6, junho às encomendas de nossa Iza e, de coração enternecido, reúno vocês dois em meu abraço do coração.
Louvado seja Deus que nos concedeu um amor assim tão grande para vivermos juntos pelos laços sublimes da alma.
Comecei a ler a sua mensagem abençoada e do “Curto Diário de Uma Saudade”até a última página de “A Viagem de Tissay”, senti essa alegria cariciosa e boa que conversa a sós com a gente, entre risos e lágrimas… Palavras para dizer a você a emoção que você me deu? Desisto de buscá-las. As palavras do mundo são assim como tijolos de construção humana. Podemos dar-lhes forma e beleza ao empilhá-los ou acomodá-los uns com os outros, mas não conseguimos transmitir-lhe o calor que sai do coração. Por isso, meu filho, tanto quanto um coração pode abençoar um outro coração, repito ao seu generoso espírito: “Filho de minhalma, Deus abençoe você, em todos os seus passos”.
Como é belo tudo o que você me diz! Sim, as palavras de Nuel (Emmanuel), escritas pelas mãos de Clie ( Chico Xavier), são as mesmas, ontem, hoje, sempre… É preciso trabalhar, sofrer pelo bem. Desculpar sempre qualquer espinho que nos venha a ferir e continuar servindo à felicidade de todos… Apagar o fogo das discórdias, estender o amparo aos que necessitem, ajudar, socorrer….
Sim, amado Silvano, é como se as inesquecíveis palavras de Nuel (Emmanuel) também me percutissem os ouvidos constantemente: “- O maior privilégio dos discípulos de Jesus é sempre aquele de ajudar sem retribuição e de agir desinteressadamente em Seu Nome…”
Prossigamos, pois, para a frente…
Nenhuma felicidade surgirá maior para mim que a de saber que você continua firme e leal aos ensinamentos redentores que recebemos juntos. Louvado seja o Senhor!
O castelo em que você ouviu Nuel (Emmanuel) pela primeira vez, pelas mãos de Clie, está igualmente em minha lembrança! Que céus estrelados, querido Silvano, e que flores desabrocham ali! Que cânticos cristalinos de aves e almas ali se entrelaçam às harmonias da natureza, entretanto, o Senhor mandou que o meu barco fosse desamarrado pelas circunstâncias e tive de viajar também no rumo de outras terras… (Referencia de Chico Xavier a sua mudança para Uberaba). Aquele rio que você fixou tão bem, na tela em que aparecem os solares coroados de sol, na paisagem verde e florida, estava igualmente à minha espera, sem que eu soubesse ao tempo em que nos vimos pela primeira vez, nesta existência… Não perguntei ao Senhor porque motivo me mandava partir, mas creio que Ele queria que eu segurasse o microfone ou o papel a fim de que Nuel (Emmanuel), que tanto O ama, dele falasse à outras assembléias. Desde então, compreendi que Nuel (Emmanuel) se propunha servi-lO em outros lugares… Passei a ver outros solos, outras regiões … Vi glebas secas, florestas, espinheirais… Chorei ao ver as árvores lascadas e os ninhos arrasados, tantos vi… Notei cipoais asfixiando plantações generosas, calhaus enormes impedindo o curso e fontes abençoadas… Nuel (Emmanuel) atento ao trabalho, me chamava ao dever… Era preciso trabalhar, trabalhar… Trouxe-me, bondoso, companheiros dedicados e maravilhosos de carinho e confiança que aspiravam a ler as instruções de serviço em minha conduta e em meus gestos e as sementeiras de Nuel continuaram… Às vezes, ao segurar o microfone ou o papel para ele, o nosso valoroso e infatigável semeador, se encontro um espelho à frente, observo como o tempo me assinalou! As rugas do rosto me lembram as horas de apreensões, quando os serviços de Nuel (Emmanuel) surgem ameaçados e a calvície adiantada me faz sorrir pensando que muitos dos meus cabelos me abandonaram, cansados da tensão mental que lhes afogueava as raízes… Mas, por dentro, amado Silvano, a visão da vida é de esperança e de profunda alegria… A mensagem é a mesma… Amar, sim… trabalhar sempre… Sofrer pelo bem e sofrer pela verdade…
É uma felicidade poder abrir o coração para o seu e falar assim, com a intimidade desta carta…E assim faço, não só tentando responder, de algum modo, à sua missiva querida na pauta da ternura em que você a grafou, mas também, para dizer ao seu carinho que desejo ver você sempre o mesmo, sempre o irmão abnegado de todos, servindo, auxiliando, compreendendo, ajudando… E como o 62 (ano) está no termo, aproveito a ocasião para rogar a você, me perdoe se algum gesto meu, nas tarefas deste ano, chegou a ferir-lhe o coração. Que aspiro a ver sempre valoroso e sempre feliz… O natal está próximo… Nós que tanto amamos e reverenciamos, com respeitoso carinho, a Data do Senhor, ante o Natal, estamos mais que nunca sob a aura amorosa de Nuel (Emmanuel), de nossa Castelã, de nossa Princesinha do Céu (Meimei). Em nome deles, nossos amados instrutores, peco a você um presente… O presente de sua alegria. Diga-me que você ama a Deus e a vida e que está feliz. Se alguma atitude assumida por mim machucou você, na sua grandeza de coração, perdoe-me aquelas setenta vezes sete e continuemos fiéis o nosso trabalho com Jesus.
Um dia, quando você respondia pelo nome de Silvano, embora pequenino você soube, como sempre, honrar o nome dele, o Senhor…
Silvano, em testemunho de fé viva, deixou o corpo ferido numa estrada, conchegando-se ao coração paterno que o amava… Não será justo que eu também aceite as circunstâncias, quaisquer que elas sejam, para ser leal a Nuel (Emmanuel), nas estradas do mundo? Se minha voz de criatura talvez fatigada pelo tempo do corpo físico, algo falar desajeitadamente para defender a verdade, no serviço de Nuel (Emmanuel), perdoe-me os modos, os envoltórios, as impropriedades e deficientes expressões… Às vezes, filho do meu coração,é preciso também sofrer pelas realizações, deslocando o pensamento do nosso círculo mais íntimo para abranger o conjunto… Nessas horas dolorosas, grande é a luta, mas é preciso ser fiel, fiel às realidades que estão dentro de nós e que se ligam a todos os filhos de Deus e tutelados do Senhor… Isso, porém, amado Silvano, não impede a obra constante do amor puro que salva, regenera, levanta e ampara sempre…
Desculpe-me, ainda, se me refiro ao trabalho de verdade… É só para dizer a você que eu, que me sinto na condição de sua mãe pelo coração, mãe espiritual que tem a idade de quem o viu renascer, não mudou… É só para afirmar-lhe que desejo você tão fiel a Jesus hoje, quanto ontem, e tanto quanto será você fiel a Ele, amanhã… E se alguém disser a você que me transformei ou que pessoas e circunstâncias me teriam transformado, não acredite. Pense, no silêncio, que sua mãe tão pobre e tão devedora, vive carregada de obrigações, que ela deve trabalhar sem repouso, para que a obra de Nuel (Emmanuel), não esmoreça… Se alguém pronunciar palavras ofensivas ou aparentemente ofensivas em torno dela, por incapacidade de compreender-lhe a extensão dos compromissos e lutas, não a defenda. Ore. Oremos todos uns pelos outros. Deus sabe, filho meu, quantas dificuldades foi ela obrigada a atravessar, desde a infância, para que o trabalho de Nuel (Emmanuel), não parasse e nem fenecesse. Não gaste o tesouro de suas horas em defesa de quem maternalmente o ama tanto. Por muito que eu trabalhasse, e realmente nada tenho feito de mim, não estaria de minha parte, senão cumprido um dever… Lembre-se de que sua mãe pelo coração está igualmente na viagem do mundo, carregando imperfeições, impedimentos, inibições… Se não pode estar frequentemente com os filhos amados é que ela deve, antes de tudo, ligar-se às disciplinas que o Senhor lhe traçou por Nuel (Emmanuel)… Tantos filhos queridos tenho eu! Mas o Senhor quer que nos voltemos, agora, por algum tempo, para os filhos do Calvário que Ele nos legou… Não somente os órfãos de carinho e de pão, os deserdados do lar e os tristes do mundo, mas também os desesperados, os que perderam o apoio da crença, os que acumulam problemas e aflições sobre as próprias cabeças e os que, um dia, Lhe cercaram a cruz com riso nos lábios e a noite no coração… É preciso amar a todos eles, estender-lhes os braços e o sentimento.
Não creia, também, amado Silvano, que alguém me obrigue às disciplinas necessárias. Nuel (Emmanuel) as propõe e eu as aceito. Estou, meu filho, embora com tanta madureza e velhice físicas, na posição de uma criança na escola ou de um animal em serviço. Sem as disciplinas, não conseguirei fazer o que devo fazer…
Receba, meu filho, todas as considerações desta carta, por entendimento nosso, diante do Natal… Amemos e trabalhemos. (…)
Chico
P.S. Aos estudiosos atentos e sensíveis as palavras são claras e a elas nos curvamos diante daquela que para nós se tornou a Grande Mãe do Movimento Espírita no século XX.
Estudemos Allan Kardec para aprendermos a selecionar o trigo do joio.
Ave Cristo!
Um amigo para Sempre. C A B Costa
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CHICO XAVIER FALANDO SOBRE ALLAN KARDEC
A altura espiritual de Allan Kardec
Conforme descreve a escritora Nena Galves, em recente biografia lançada pela editora CÉU, Chico Xavier anualmente participava, no Centro Espírita União, da feira do livro, em comemoração ao aniversário de nascimento de Allan Kardec, emérito codificador da Doutrina Espírita, na capital paulistana.
Honorificando esta data, tão importante para a família espírita, brindaremos ao leitor do O Espírita Mineiro, na tradicional coluna Na Intimidade com Chico Xavier, com um magnífico trecho da inédita entrevista concedida ao confrade Luiz Rodovil Rossi, em que o médium de Pedro Leopoldo, presta um preito de respeito e gratidão, ao Preclaro Mestre lionês, nascido em 4 de outubro de 1804.
LUIZ RODOVIL ROSSI:
Querido Chico, é com enorme prazer e honra que o recebemos mais uma vez aqui no Centro Espírita União. Nós gostaríamos de ouvir um pouquinho a respeito da semana Kardec e da feira do Centro União, às quais você comparece com tanto carinho todos os anos.
CHICO XAVIER:
Estamos aqui diante da bondade de todos e especialmente do nosso amigo Dr. Luiz Rossi, que lembra a nossa palavra simples e desataviada para exaltarmos a memória de Allan Kardec, o mentor inesquecível a quem devemos tanto.
Nosso amigo fala em prazer e honra, mas esses dois substantivos ajudam a mim, de vez que essa honra e esse prazer me pertencem, pois na verdade, não mereço estar dentro de nossa comunidade com qualquer destaque especial.
Todos nós conhecemos a altura espiritual de Allan Kardec e reverenciamos nele aquele professor inolvidável, cujos ensinamentos atravessaram grande parte do século passado. Estamos em pleno século XX e seus ensinamentos nos encontram para nos felicitar com o conhecimento de nossa própria natureza e com o imperativo do nosso aprimoramento espiritual…
Por muito que sejam expressivas as palavras que eu pudesse dizer a respeito de Allan Kardec, elas seriam demasiadamente pálidas para criar em nosso espírito o respeito, a admiração, o carinho e o amor com que não apenas anualmente, mas todos os dias, nos lembramos desse homem admirável, cuja herança para nós, da comunidade humana, representa um patrimônio de paz e luz.
Peçamos a Nosso Senhor Jesus Cristo que engrandeça Allan Kardec onde estiver. Que ele possa receber as vibrações dos nosso melhores sentimentos e que o Centro Espírita União continue nessa obra maravilhosa de redenção humana, a abraçar os necessitados, difundir a luz e honrar Allan Kardec por meio dos seus dignos diretores e dos dignos companheiros que me escutam, em memória daquele que não podemos esquecer.
Allan Kardec vive. Está é uma afirmativa que eu quisera pronunciar com uma voz que no momento não tenho. Mas com todo o meu coração, repito: Deus engrandeça o nosso Codificador, o Codificador da nossa Doutrina! Que ele se sinta cada vez mais feliz em observar que as suas idéias e suas lições permanecem acima do tempo, auxiliando-nos a viver. É o que eu probremente posso dizer na saudação que Allan Kardec merece de nós todos. Sei que cada um de nós, na intimidade doméstica, torná-lo-á lembrado e cada vez mais honrado, não só pelos espíritas do Brasil, mas do mundo inteiro.
Fonte: Até Sempre Chico Xavier. Nena Galves. Edit. CÉU. União – São Paulo. 2008.
Entrevista concedida Outubro de 1987 – Chico Comemorava 60 anos de trabalho espírita. Anualmente ele visitava os amigos do Centro Espírita União em São Paulo.
Olá , só queria dizer, eu amei isto artigo . Foi inspirando .
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