Chico Xavier, ainda hoje e há mais de vinte anos, é empregado na
Fazenda de Criação do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo.
Certa manhã, caminhava para o trabalho, atravessando largo trecho de
campo no rumo do escritório, meditando sobre os trabalhos mediúnicos a que
se confiava.
As exigências eram sempre muitas.
Como agir para equilibrar-se na tarefa?
Surgiam doentes, pedindo socorro…
Aflitos rogavam consolação.
Curiosos reclamavam esclarecimentos…
Ateus insistiam pela obtenção de fé.
Os problemas eram tantos!
Quando curvava a cabeça, desanimado, aparece-lhe Emmanuel e apontalhe
um quadro a pequena distância.
Era um lavrador ativo, manejando uma enxada ao sol nascente.
— Reparou? — disse ele ao Médium — guiada pelo cultivador, a enxada
apenas procura servir.
Não pergunta se o terreno é seco ou pantanoso, se vai tocar o lodo ou
ferir-se entre as pedras… Não indaga, se vai cooperar em sementeira de flores,
batatas, milho ou feijão… Obedece ao lavrador e ajuda sempre.
Logo, após, fez uma pausa, e considerou:
— Nós somos a enxada nas mãos de Jesus, o Divino Semeador.
Aprendamos a servir sem indagar.
Chico, tocado pelo ensinamento, experimentou iluminada renovação
interior, e disse:
— É verdade! o desânimo é um veneno…
— Sim, — concluiu o orientador — a enxada que foge à glória do trabalho,
cai na tragédia da ferrugem. Essa é a Lei.
O benfeitor despediu-se e o Médium abraçou o trabalho, naquele dia, de
coração feliz e a alma nova.
Lindos Casos de Chico Xavier – Ramiro Gama
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